Pelotas: EDUCAT, 2016. — 324p. ISBN 978-85-7590-180-9.
Este livro foi escrito por alguém que sempre se sentiu seduzido pelo mistério da língua estrangeira. Não se trata de uma segunda língua, falada pelo vizinho que mora do outro lado da rua ou por colegas da sala de aula; e nem se trata de uma língua adicional, dada por acréscimo e sem mistério. No meu caso, eram línguas estrangeiras mesmo, estranhas no som e na combinação das palavras, prometendo mundos distantes que eu estava ansioso por conhecer.
Um dos prazeres de minha juventude era economizar uns trocados para poder passar numa boa banca de revistas e escolher um jornal em espanhol, uma revista em francês ou um livro de bolso em inglês. Muitas noites passei com o ouvido colado no rádio de ondas curtas, buscando estações do mundo inteiro e ouvindo noticiários em línguas diferentes. Quando ia ao cinema, buscava não só aqueles que apresentavam o filme que eu queria ver, mas também aqueles que tinham o melhor equipamento de som, para que eu pudesse entender o que as pessoas falavam. Não tinha preferência por uma ou outra língua; gostava de todas - sem a mínima preocupação de saber se minha mente estava ou não sendo colonizada. Tinha não só os olhos e ouvidos abertos, mas também a mente e o coração.
Com essa abertura total, sem qualquer tipo de filtro ou proteção, é inevitável que eu tenha sido contaminado por algum vírus, provavelmente um “Cavalo de Tróia” - daquele tipo que entra disfarçado no organismo, carregando dentro de si o inimigo. Vou me esforçar para mostrar os conflitos e os perigos que enfrentamos ao aprender uma língua estrangeira, mas, como acabei ficando totalmente seduzido pelo que vou abordar neste livro - o ensino e a aprendizagem da língua estrangeira -, sinto que a visão, lá no fim, será pacificadora.