Rio de Janeiro; São Paolo: Record, 1969. — 420 p.
O livro de xadrez Minhas 60 Melhores Partidas equivale a um passeio por dentro da mente de um jogador — e que jogador! Publicada pela primeira vez em 1969, antes do título de campeão mundial, essa obra-prima traz partidas que vão de 1957 a 1967, varrendo uma década inteira em que Fischer elevou sua habilidade quase que à perfeição, preparando-se para alcançar o apogeu no início dos anos 70.
Fischer é brutalmente honesto, tanto com o seu jogo, quanto com o dos adversários. Além disso, ele não procura enaltecer sua genialidade, tanto que comenta 9 empates e 3 derrotas ao contrário do padrão atual de livros de partidas, em que os autores comentam apenas suas vitórias. O campeão permite inúmeros vislumbres em seus conceitos estratégicos e filosofia de jogo, com preferência por aberturas que buscavam sempre a iniciativa, como a Najdorf, a Índia do Rei e sempre 1.e4 de brancas (uma regra que ele flexibilizaria em seu match com Spassky). É como sentar-se na primeira fila do teatro e testemunhar o monólogo de um gênio. Ou melhor: é estar na pele dele, em completa imersão. Os insights de Fischer operam como verdadeiras revelações, tão úteis para os jogadores pouco experientes quanto para os profissionais.